Os Ritmos Biológicos e o Exercício Físico

Os Ritmos Biológicos e o Exercício Físico

Dando continuidade à série de posts baseados num estudo de 2005, publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte pelos autores Marco Túlio de Mello, Rita Aurélia Boscolo, Andrea Maculano Esteves e Sérgio Tufik. Este estudo trata da relação entre atividade física e alguns aspectos psicobiológicos. O tema agora são os Ritmos Biológicos e a influência dos exercícios físicos sobre eles.


OS RITMOS BIOLÓGICOS E O EXERCÍCIO FÍSICO

Os ritmos diários, que controlam muitas das nossas funções fisiológicas, assim como o desempenho, são conhecidos como ritmos circadianos, ciclando em cerca de um dia ou de 24 horas. Várias funções orgânicas exibem ritmicidade circadiana, com valores máximos e mínimos ocorrendo em horários diferentes ao longo do dia. Esses ritmos diários são altamente influenciados pelo exercício físico, como, por exemplo, as alterações hormonais e o ciclo sono-vigília(2).

O efeito do exercício realizado em diferentes horas do dia pode influenciar no aumento da temperatura corporal. No estudo realizado com ciclistas, observou-se que a temperatura corporal e a freqüência cardíaca continuam apresentando significativa variação circadiana, mesmo durante a execução do exercício contínuo, com uma amplitude mais elevada(3).

A temperatura corporal pode sofrer um atraso ou um avanço de fase, dependendo da hora em que o exercício é realizado. Um pequeno atraso de fase foi demonstrado quando os exercícios físicos foram realizados quatro horas antes e uma hora depois da temperatura mínima, mas quando os exercícios foram realizados entre três e oito horas depois da temperatura mínima, um pequeno avanço de fase também pôde ser observado. Os exercícios físicos realizados em outros horários do dia não tiveram influência alguma na resposta de fase da curva da temperatura corporal(4).

Assim, o exercício pode acelerar o deslocamento de fase de alguns marcadores biológicos, como a liberação do hormônio melatonina, demonstrando assim uma relação direta com marcadores relacionados ao ciclo sono-vigília(5).

Já o exercício físico noturno pode atrasar a curva circadiana de TSH e melatonina em humanos, sendo que o deslocamento de fase pode ser determinado pela duração e pela intensidade do exercício físico de forma compatível com a variação individual, levando-se em consideração se a pessoa é ativa ou sedentária(6).

Continue lendo:

Parte 1 – A Influência da Atividade Física no Sono
Parte 2 – Os Ritmos Biológicos e o Exercício Físico
Parte 3 – Os Transtornos do Humor e o Exercício Físico
Parte 4 – A Memória e o Exercício Físico
Parte 5 – A Dependência do Exercício Físico
Parte 6 – O Álcool e o Exercício Físico
Parte 7 – Os Esteróides Anabolizantes e o Exercício Físico

É isso aí. Gostou do artigo? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

REFERÊNCIAS


1. Buckworth J, Dishman RK. Exercise psychology. Champaign: Human Kinetics, 2002.
2. Atkinson G, Reilly T. Circadian variation in sports performance. Sports Med 1996; 21:292-312.
3. Callard D, Davenne D, Lagarde D, Meney I, Gentil C, Van Hoecke J. Nycthemeral variations in core temperature and heart rate: continuous cycling exercise versus continuous rest. Int J Sports Med 2001;22:553-7.
4. Edwards B, Waterhouse J, Atkinson G, Reilly T. Exercise does not necessarily influence the phase of the circadian rhythm in temperature in healthy humans. J Sports Sci 2002;20:725-32.
5. Miyazaki T, Hashimoto S, Masubuchi S, Honma S, Honma KI. Phase-advance shifts of human circadian pacemaker are accelerated by daytime physical exercise. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol 2001;281:R191-205.
6. Buxton OM, Frank AS, L’Hermite-Baleriaux M, Lepoult R, Turek FW, Van Cauter E. Roles of intensity and duration of nocturnal exercise in causing phase delays of human circadian rhythms. Am J Physiol 1997;273:536-42.

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