A Memória e o Exercício Físico

A Memória e o Exercício Físico
Quarta parte da série de posts baseados num estudo de 2005, publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte pelos autores Marco Túlio de Mello, Rita Aurélia Boscolo, Andrea Maculano Esteves e Sérgio Tufik. Este estudo trata da relação entre atividade física e alguns aspectos psicobiológicos. O tema deste post é a relação entre a Memória e o Exercício Físico.

A MEMÓRIA E O EXERCÍCIO FÍSICO

Na literatura, estudos relatam uma forte correlação entre o aumento da capacidade aeróbia e a melhora nas funções cognitivas(28-30). No entanto, há controvérsias, pois outros estudos não obtiveram resultados semelhantes(31,32). Esses dados conflitantes geram dúvidas sobre os reais efeitos do exercício físico na função cognitiva.

Apesar das controvérsias, estudos epidemiológicos confirmam que pessoas moderadamente ativas têm menos risco de serem acometidas por disfunções mentais do que pessoas sedentárias, demonstrando que a participação em programas de exercícios físicos exerce benefícios, também, para funções cognitivas(28,33,34).

Segundo McAuley e Rudolph(35), o exercício contribui para a integridade cerebrovascular, o aumento no transporte de oxigênio para o cérebro, a síntese e a degradação de neurotransmissores, bem como a diminuição da pressão arterial, dos níveis de colesterol e dos triglicérides, a inibição da agregação plaquetária, o aumento da capacidade funcional e, conseqüentemente, a melhora da qualidade de vida.

Algumas hipóteses buscam justificar a melhora da função cognitiva em resposta ao exercício físico. São elas: alterações hormonais (catecolaminas, ACTH e vasopressina); na b-endorfina; na liberação de serotonina, ativação de receptores específicos e diminuição da viscosidade sanguínea(36).

O estudo de Williams e Lord(30) observou melhora no tempo de reação, na força muscular, na amplitude da memória e do humor e nas medidas de bem-estar em um grupo de idosos (n = 94) que participaram de um programa de exercícios com duração de 12 meses em comparação com um grupo controle.

Um estudo verificou o desempenho de idosas em testes neuropsicológicos antes e após um programa de condicionamento físico aeróbio com duração de seis meses. A amostra foi constituída por 40 mulheres saudáveis (60 a 70 anos), divididas em grupo controle (sedentárias) e grupo experimental. O grupo experimental participou de um programa de condicionamento físico (caminhada três vezes semanais por 60min.). Os resultados revelaram que o grupo experimental melhorou significativamente na atenção, memória, agilidade motora e humor. Os dados sugerem que a participação em um programa de condicionamento físico aeróbio sistematizado pode ser visto como uma alternativa não-medicamentosa para a melhora cognitiva em idosas não demenciadas(33).

Continue lendo:

Parte 1 – A Influência da Atividade Física no Sono
Parte 2 – Os Ritmos Biológicos e o Exercício Físico
Parte 3 – Os Transtornos do Humor e o Exercício Físico
Parte 4 – A Memória e o Exercício Físico
Parte 5 – A Dependência do Exercício Físico
Parte 6 – O Álcool e o Exercício Físico
Parte 7 – Os Esteróides Anabolizantes e o Exercício Físico

É isso aí. Gostou do artigo? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário!

REFERÊNCIAS

28. Molloy DW, Richardson LD, Crilly RG. The effects of a three-month exercise programme on neuropsychological function in elderly institutionalized women: a randomized controlled trial. Age Ageing 1988;17:303-10.
29. Van Boxtel MP, Langerak K, Houx PJ, Jolles J. Self-reported physical activity, subjective health, and cognitive performance in older adults. Exp Aging Res 1996;22:363-79.
30. Williams P, Lord SR. Effects of group exercise on cognitive functioning and mood in older women. Aust N Z J Public Health 1997;21:45-52.
31. Molloy DW, Beerschoten DA, Borrie MJ, Crilly RG, Cape RD. Acute effect of exercise on neuropsychological function in elderly subjects. J Am Geriatr Soc 1988;36:29-33.
32. Swoap R, Norvell N, Graves J, Pollock M. High versus moderate intensity aerobic exercise in older adults: psychological and physiological effects. J Aging Phys Act 1994;2:293-303.
33. Antunes HKM, Santos RF, Heredia RAG, Bueno OFA, Mello MT. Alterações cognitivas em idosas decorrentes do exercício físico sistematizado. Revista da Sobama 2001;6:27-33.
34. Mazzeo RS, Cavanagh P, Evans WJ, Fiatarone M, Hagberg J, McAuley E, et al. ACSM position stand: exercise and physical activity for older adults. Med Sci Sports Exerc 1998;30:992-1008.
35. McAuley E, Rudolph D. Physical activity, aging, and psychological well-being. J Aging Phys Act 1995;3:67-96.
36. Santos DL, Milano ME, Rosat R. Exercício físico e memória. Revista Paulista de Educação Física 1998;12:95-106.

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