Eis uma das perguntas mais polêmicas nas academias. Muitos, tanto profissionais como praticantes, defendem com unhas e dentes que alcançar o tão sonhado abdômen “tanquinho” sem a prática de exercícios abdominais é impossível. Mas a coisa não é bem por aí. Vamos entender por quê:
O abdômen é composto por diversas camadas. Mas podemos destacar 4 camadas principais:
- A cavidade abdominal, onde encontram-se os órgãos;
- A parede muscular, co-responsável pela postura ereta e sustentação do conteúdo da cavidade abdominal;
- A camada de gordura subcutânea;
- A pele.
Um abdômen saliente normalmente assim está por uma combinação de fatores. O indivíduo pode estar com excesso de gordura intravisceral – que é a gordura que se acumula na cavidade abdominal, entre os órgãos; Pode estar com a parede abdominal fraca, o que faz com que o conteúdo da cavidade abdominal se projete para a frente; E também pode estar com excesso de gordura subcutânea. Todavia, os exercícios abdominais só atuariam num desses fatores: o da parede abdominal. Com a prática destes exercícios, você fortalece a musculatura da parede abdominal, o que ajuda a “segurar” o conteúdo da cavidade abdominal no lugar. Além disso, você pode levar a musculatura abdominal a uma hipertrofia (crescimento), que é responsável por aquele efeito “tanquinho”. Os exercícios abdominais ajudam pouco ou quase nada nos outros fatores, já que o gasto energético dele é baixo – quando comparado a outros exercícios – para promover uma queima eficiente de gordura. E a gordura subcutânea esconde os “gominhos” de um abdômen bem trabalhado.
Então como faço para ter um abdômen definido?
Antes de mais nada, é importante identificar por quê (ou os por quês) o seu abdômen está saliente, e agir de acordo com cada fator responsável.
No caso da gordura intra-visceral, por exemplo, é preciso evitar o consumo de gorduras trans e álcool, que são os principais causadores do acúmulo deste tipo de gordura.
Ao mesmo tempo, é importante que o balanço calórico esteja negativo, pois esse é o único meio eficiente para perda da gordura subcutânea como um todo, inclusive a do abdômen. Mas aqui cabe uma ressalva: É preciso ter paciência, pois a gordura subcutânea abdominal é teimosa, normalmente a última a sair. Isto ocorre porque o nosso organismo tem preferência por acumular gordura neste local, por ser o centro de gravidade do nosso corpo, e assim, ajudando na manutenção do nosso equilíbrio.
É aí que entra outra queixa frequente: das pessoas que querem perder gordura apenas na barriga. Infelizmente, isto não é possível (a não ser por lipoaspiração). Por mais que sua característica genética seja acumular gordura “apenas” no abdômen, não há como direcionar a perda de gordura apenas para ele.
Vamos entender: O processo de queima de gordura no nosso organismo acontece por meio de um hormônio, que está ativo quando nosso balanço calórico está negativo. Este hormônio viaja pela corrente sanguínea passando a “ordem” para que a gordura seja “queimada”. Quem recebe esta “ordem”, são as enzimas que fazem a queima propriamente dita, ou seja, que quebram as moléculas de gordura. E as quantidades dessa enzima que temos em cada parte do nosso corpo é determinada geneticamente. É por isso que temos composições corporais diferentes. Tem gente que acumula mais gordura na barriga, há os que acumulam mais nos “culotes“, e ainda há os que acumulam de forma mais uniforme, mais bem distribuída. É também dessa forma que o nosso organismo faz valer a “preferência” dele por acumular gordura no abdômen, como mencionei anteriormente. Nessa região, há bem menos enzimas queimadoras de gordura que em outras partes do corpo.
E também, é claro, é importante que a parede abdominal esteja forte, para ajudar tanto na postura como na sustentação do conteúdo da cavidade abdominal.
Quero deixar claro também que não estou fazendo uma campanha à não execução de exercícios abdominais. Estes são extremamente importantes para a postura e a consequente saúde da coluna vertebral. Cabe também uma dica: os praticantes assíduos de musculação, especialmente os mais avançados, praticamente não têm necessidade de executar exercícios abominais específicos, uma vez que os músculos abdominais já são extremamente solicitados na maioria dos exercícios da musculação.
É isso. Abraço e bons treinos!